Voltar Psicossomática

O que são doenças psicossomáticas?
Entendemos com doenças psicossomáticas as doenças que têm um componente psíquico.
Mas sempre me pergunto: qual doença não tem uma emoção sendo ex-pressa?
Freud já dizia “nada é meramente psíquico ou meramente somático..."
Podemos pensar que o corpo expressa, põe para fora as emoções que por vezes escondemos de nós mesmos. Nosso corpo fala através de gestos, mímicas, contraturas, calor, tremor, dores de barriga, sustos, travamentos dos dentes, enfim tantas e tantas demonstrações físicas.

Por que isto acontece?
Percebemos que nem sempre há conexão do que expressamos verbalmente (o que DEVEMOS SOCIALMENTE DIZER), para aquilo que expressamos fisicamente. Podemos mentir, desempenhar papéis sociais, tolerar o intolerável aparentemente. Mas nosso corpo expressa as emoções mais genuínas, porque as emoções são INCORRUPTÍVEIS.
Quando somatizamos, temos a consciência de que forçamos além da conta uma emoção. E assim, lá vem um resfriado, uma diarréia, um herpes, uma enxaqueca! Nos olhos. Não é interessante perceber que temos sensações físicas específicas, e que estas reações são de acordo com o que sentimos uma resposta específica? Se tenho raiva, cerro os punhos, travo os dentes, arregalo os olhos, fico quente, disparo o coração. O que o meu corpo quer dizer? Que estou pronto para atacar!
Assim, cada emoção prepara meu corpo para desempenhar uma reação a ela. E quando não vejo, não percebo, não sinto?! O corpo vai realizando e represando as emoções e os nossos órgãos desconectados chegam num ponto que berram por socorro. Por isso, chegamos ao trabalho da relação médico-paciente, terapeuta-cliente.
Descobrir o que este sintoma quer dizer para aquela pessoa. Qual é a sombra? O que esconde este sujeito de si mesmo? Que emoções vem sendo escondidas? Percebemos que a RAIVA e a TRISTEZA são as grandes vilãs. Os órgãos apenas o caminho escolhido. Tratar o sujeito ou tratar a doença? Cada vez mais compartilhamos da visão do todo. Tratar o sujeito, é claro! Somente o órgão, a parte, permanecemos com a sombra.
CONEXÃO é a meta. Mas o que conectar? As emoções não percebidas. Também sabemos que o sujeito que sofre destes males não faz conexão. Aí entram as novas técnicas psicoterápicas de conexão com situações traumáticas, conflitantes, recalcadas.

Como devemos tratar ?
A primeira coisa a saber é que estamos lidando com algo que a pessoa não simboliza em termos da emoção vinculada aquele sintoma. O corpo da pessoa fala. Há uma desconexão. A doença é aquela verdade que a pessoa esconde de si mesma. O tempo todo incorruptível, trazendo a sombra, a emoção retida que a pessoa não pode ver de uma maneira simbólica. Assim, o sintoma é uma saída que a pessoa encontra para expressar o que ela não consegue falar ou sentir. Todo sintoma traz um caminho para a saúde. Mostra que algo não vai bem. Há sentimentos escondidos. Põe para a fora o que é necessário.
A doença não mente! Traz a polaridade que está sendo negada, negligenciada. Põe o sujeito para lidar e resolver o que o impede de ser o que ele deseja ser. A emoção e o sintoma são INCORRUPTÍVEIS! Eles querem que o sujeito mude o caminho da vida. Cada doença mostra um caminho metafórico e nos propõe algumas perguntas interessantes:

O que este sintoma te impede?
O que este sintoma te obriga?
O que aconteceu com você nos anos anteriores ao surgimento do sintoma?
O que você gostaria de estar fazendo e não pode fazê-lo?
Há pessoas envolvidas no seu problema de saúde? Como?
Com o que se parece seu problema? (Sugerir uma metáfora/analogia).

As pessoas que sofrem de problemas psicossomáticos têm dificuldades de simbolizar, fazer analogias, sentir emoção. Aprenderemos técnicas derivativas que nos possibilitam pelos símbolos, cores, chegar até as emoções retidas, recalcadas. Normalmente as pessoas estão cansadas de se machucar, aprendem a evitar os problemas e a doença aparece para avisar que ainda é preciso fazer alguma coisa.
É preciso aceitar a doença, para poder curá-la. Mesmo que isto traga tristeza e sofrimento é a maneira honesta de ouvir o que seu corpo fala sobre você. Precisamos ter coragem de sentir este sentimento para poder curar. É como assumir a guerra e assim lutar! Conhecer o que a doença quer dizer, que coisas devo matar, retirar, mudar para sarar. O que devo cuidar? Dos sentimentos, é claro.
Não podemos pensar em curar uma pessoa num dia! Isso seria uma grande pretensão! Há técnicas como das mãos paralelas de E. Rossi que pode fazer um belíssimo trabalho, às vezes, em até uma sessão. Mas a remissão dos sintomas necessita tempo de recuperação, cicatrização, etc. Existe um comprometimento físico, muitas vezes, já avançado (artrite reumatóide, câncer com graves lesões, etc.) que necessitam tempo para recuperação. Esta recuperação dependendo do órgão e lesão pode levar semanas, meses ou ano.
Cada caso é único. O corpo de cada um reage de uma maneira e também cada um metaboliza emoções de uma maneira.
Aqui, vale mencionar as crenças limitantes que cada pessoa possui. As profecias que ela se faz de cura, de morte. Também precisamos ver os traumas que cada pessoa passa e deixam marcas que retornam com os sintomas.
Sabemos que em famílias rígidas há maior tendência a doenças psicossomáticas pois não se pode expressar as emoções.


Dr. Ana Regina
Psicóloga/Hipnóloga

1996 - 2024 - AMO Assessoria em Medicina Ocupacional